Um ano depois...

domingo, 8 de maio de 2011

Adestrar ou não, eis a questão

Quem é contra ensinar truques e comandos para cachorros de estimação não entende que é sim, supernecessário para o bem deles. 

Tudo bem: cachorro é cachorro, não é gente. Há limites que devem ser estabelecidos, alguns genéricos, aplicáveis a todo e qualquer cão, outros de acordo com o perfil do dono, da casa e das famílias. Eu, por exemplo, admito muita coisa dos meus cachorros -- mas nada de beijo na boca, comer no meu prato e dormir na minha cama. Tudo bem subir no sofá, tudo bem soltar pêlos pela casa, tudo bem uma arte aqui outra ali, como uma cadeira ou chinelo mordido. Não que eu goste, quando vejo repreendo, mas tolero quando são filhotes. Por mais brinquedos que eles tenham pra morder, enquanto não saem na rua para passear (caso dos meus, que ainda não terminaram o esquema de vacinas), é natural que procurem novidades para fazer o tempo todo.

Entre os comandos básicos que eu acho que devem ser ensinados a qualquer cachorro, estão parar, esperar, sentar, andar na coleira. Mesmo coisas como dar a patinha e rolar, aparentemente desnecessárias, servem para que eles entendam que devem atender nossos comandos, os preparam para obedecer as coisas mais importantes. 

Além de os comandos serem úteis para a segurança deles, também os são para a felicidade deles.

Primeiro: certo ou errado, cães foram domesticados para estarem junto aos humanos, e trabalhar (eles têm muita energia para gastar, física e mental, e é bom para a saúde ser estimulados).

Segundo: Eles adoram. Exercita a mente, tanto quanto passeios e corridas, brincadeiras de bolinha e frisbee exercitam o físico. Quando possível, é sempre bom também treinar o cachorro para o trabalho para o qual ele foi criado ao longo dos séculos... certo ou errado, agora está no DNA dele. Retrievers como os meus não precisam buscar aves abatidas, mas devem ser estimulados a buscar e devolver (intactas) bolinhas e outros objetos. Rastreadores como o beagle devem ser estimulados (ou no mínimo, não repreendidos) a buscar coisas farejando o chão. Cães de guarda não devem ser repreendidos quando defendem o território (o importante é ter controle sobre eles, por isso a necessidade das aulas de obediência). Cães pastores vão sempre rodear você, outros animais da casa e crianças. Aqui vale lembrar que se você não quer um cão barulhento, procure raças de outro grupo, já que os pastores têm audição muito bem desenvolvida e todo som os incomoda, então será difícil fazê-los não latir quando ouvem trovões, rojões, escapamento de motos e a campainha da porta -- ou a do telefone!

Terceiro: sem sombra de dúvida, um cão bem educado, que não pula nas visitas, respeita crianças, não morde nem late à toa, para de fazer o que não deve na hora que você manda, é sempre muito mais querido. Aliás, como toda criança. Aliás, como todo ser humano.

Claro que devemos respeitar a natureza e os limites deles como cães que são; das raças específicas (quando têm); e dos temperamentos individuais (sendo ou não de raça definida). Nada de ensinar a exaustão, com sofrimento e castigo. 

Aqui vale lembrar que repreensões, agressões, violência em geral de nada adiantam. A princípio, porque num confronto físico, eles vão ganhar quase sempre -- e não é recomendável proporcionar situações que um cão possa descobrir isso!  Usar nossa razão é mais eficiente, é um terreno onde (a maioria de) nós humanos ganhamos de dez deles. 

Pela minha pregressa experiência, comprovada pela recente, posso dizer que para ensinar meus filhotes onde fazer cocô e xixi, por exemplo, não precisei dar nenhum tapa, nenhum grito, lançar mão de nenhum recurso negativo -- apenas proporcionei condições favoráveis, ajudei como pude levando eles lá no "banheiro" quando achava que eles estavam prestes a fazer alguma coisa, e elogiei/estimulei quando eles acertavam. Com o Fred foi dois palitos; com o Bob demorou um mês, mas faz quase dois meses que esse aprendizado está totalmente fixado! 

Preciso ressaltar ainda que no capítulo "coisas proibidas" a abordagem teve realmente que ser bem diferente, com o Bob e o Fred. O Bob é muito cara de pau, muito impetuoso, muito voluntarioso, muito teimoso! Leva tudo numa boa, não se intimida por pouco. O Fred é mais sensível e respeita um simples não dito em voz séria.  Com o Bob, tem que ser mais duro, mais persistente. 

Outra coisa importante que preciso ressaltar: a palavra NÃO não deve ser usada à exaustão, sob o risco de ser banalizada. O Bob, por exemplo, obedece muito melhor a palavra ESPERA quando não queremos que ele pule no prato de comida na hora das refeições, ou morda a nossa mão quando chegamos da rua e vamos cumprimentá-lo. 

Como tudo na vida, bom senso é fundamental. E como tudo na vida, aí é que mora a dificuldade!


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